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O vôo do Plot Twist

Eis que ontem vivi um plot twist na historia da vida:


Tudo começou quando eu estava sentadinha na minha poltrona do avião e vi uma foto (poética na minha cabeça)... sério, daquelas fotos lindas e dignas de premiação. Porém essa fotógrafa de araque não conseguiu executar perfeitamente a foto como queria e ficou meio frustrada.



Essa é a foto que fiz:


Foto poética FAIL

A foto que eu queria fazer segue na minha cabeça.


Então, depois de me ver remoendo ideias e testando posições inovadoras do celular pra foto por tempo significativo meu esposo inocentemente me sugeriu:


"Vai lá e pede pra tirar foto do cockpit mais de perto e ja tira foto com os pilotos..."



Nah, eu tenho vergonha.



Mas aí passou uns segundos, um lado selvagemente corajoso apareceu e eu pensei: foda-se.


Mais de 12 anos viajando, centenas de trechos voados em todo os mais diversos tipos de aeronaves existentes, muita curiosidade acumulada, muitos pousos e decolagens (sim, eu amo deScolar - como dizem os portugueses) e eu sempre quis fazer a foto prêmio-clichê-total da revista do viajante brega: uma foto na cabine de comando do avião, onde tudo é sagrado e intocável - mas nunca tive a coragem pra tanto.



Assim sendo, depois de um momento de dúvida paralisadora seguido por uns segundos de coragem arrebatadora vesti minha melhor cara de pau (sim, de hoje em diante economizarei $ com hidratantes pro rosto, bastará usar lustra móveis e tá tudo certo....), levantei sem pensar e caminhei a passos fortes até o bico do avião.


20 segundos depois, uma introdução e um pedido de autorização para a aeromoça e lá estava eu: na porta da cabine no maior papo com meus dois novos amigos da indústria das pessoas que são felizes voando: Jacob e David - respectivamente piloto e copiloto do vôo United 6170 que nos levariam às Bahamas.


Que plot twist einh? Por essa eu não esperava! A Andressinha de alguns meses atrás jamais acreditaria na minha trama corajosa para a obtenção de uma foto poética..


E assim, ali na cabine de comando naquele Embraer 175 em solo Texano com destino ao meu 32° país que conheceria na vida, eu me senti feliz por estar marcando mais um check na check list da vida de viajante.


Eu e meu eu corajoso viajante

Afinal, viajar é sobre isso: sair do conforto, usar novas roupas pra alma (e lookinhos novos também: porque não?), abrir a cabeça, ser vulnerável e corajosa, diminuir ego, alimentar a curiosidade, experimentar, etecetera....


Ontem eu tirei uma foto que eu sempre quis e que me levou uma década e dois anos para ter coragem de fazer.


Fiquei feliz. Feliz pela iniciativa.


Iniciativa do meu esposo que me conhece e me deu a MAIOR força pra sair do meu conforto e "pagar um mico"

(desculpem o auê, tô romântica esse final de semana porque estamos comemorando bodas!)


Iniciativa de mim que fui lá e fiz.


Durante meu vôo pensei um pouco sobre isso e em como a vida é engraçada. Basta uma coisinha de nada - nesse caso - a vontade de uma foto pra nos colocarmos em movimento e conseguir o que queremos... e às vezes surpreendidos acabamos, com muito mais conquitas do que queríamos.


No meu caso eu queria uma foto poética da cabine, acabei com três novos amigos, um pouco mais de conhecimento, algumas risadas e uma boa história pra contar.


E o melhor? O "mico" virou uma super conversa com o piloto, o co-piloto e a comissária chefe de cabine sobre o lado bom e o ruim da vida trabalhando na aviação.


E acredito que eles ficaram felizes também pelos seus aclamados 5 minutos de fama e pela nova best friend.


E a foto poética? Me esqueci totalmente! Mas a foto clichê saiu:



Jacob, eu e David na cabine de comando do United 6170

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1 comentário


Paulo Renato Petry
Paulo Renato Petry
06 de jul. de 2022

Ééé... certa vez, cruzando a Cordilheira dos Andes de carro, disse para mim mesmo: "Um dia, vou cruzar os Andes de bicicleta". Pois então... conheces a história, Andressa! A vida normalmente é feita de rotinas, mas às vezes nos arrebata para o desconhecido, para o novo, para o inovador. Precisamos nos despir dos nossos medos, aceitar o desafio e nos perguntar: "Por que não?". Vale muito mais a pena tentar - e até nem conseguir -, do que não tentar e nunca saber se teria sido possível.

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