Depois de exatos 87 dias (ou talvez nem tão exatos assim)* após minha formatura estou eu, aqui, na frente desse pobre computador que tanto escutou na época do TCC e dos textos e artigos finais, para escrever. Filosofar? Jamais – não tenho essa audácia de me encrencar com o desconhecido. Mas de tantas coisas para fazer ela resolveu escrever? Pois é, vai entender. Deu vontade – talvez um saudosismo da vida acadêmica. Sei lá.
Resolvi – depois de um tempo pensando - colocar as ideias no papel para ajudar a organizar os pensamentos (quem sabe uma boa alma leia isso e me dê uma luz). Como uma boa virginiana que soy adoro organizar – as minhas coisas, as coisas do quarto da Kau, da cozinha do Pedro, meu armário (oh! Que prazer absurdo terminar de arrumar por cores todas as brusinhas e lãs jogadas em cima na cama na hora do desespero porque uma caiu e desalinhou a pilha). Agora, ao som da voz britânica da Amy e com meu chimarrão companheiro de qualquer hora, sinto que a agonia de finalizar a época de usar a carteirinha de estudante é estranha... é como se fosse a vida te dizendo: “ok filha, tu tá formada, agora vai trabalhar pra pagar as contas.” É uma forma estranha de se transformar em uma adulta.
Acredito que é esse momento que nos tornamos adultas. Nesse momento e não quando se sai de casa com 17 anos pra morar solita na capital, ou quando se vai pela primeira vez para o exterior, ou qualquer outro momento marcante na vida de um ser humaninho. O momento, o meu momento, aconteceu por esses dias quando me peguei pensando “então, a vida é isso: você acorda, trabalha, almoça, trabalha, bate o ponto, volta pra casa, toma mate e fica em casa – pode olhar TV, Netflix, sair jantar (jantar antes das 22h!) – descansa do dia e vai dormir pra descansar do descanso pra noutro dia acordar cedo e recomeçar a roda viva.
Não sei vocês, mas esse assunto de ‘vou fazer isso o resto da minha vida’ me deixa perturbada. Deve ser coisa da geração Y (muito se fala disso), mas enfim, nasci nessas épocas e não tenho culpa que a ideia de ser um robô sem inovações e desafios na vida me deixa chateada.
E não que quando eu estivesse na Universidade não fizesse isso. Fazia inclusive como estagiária e, depois, como funcionária pública. A questão é que agora o clima é diferente. Não tem mais prova, artigo e resenha pra te preocupar no meio do expediente, não tem o momento de chegar atrasada na aula, não tem mais o momento do ‘recreio’ pra ficar com os colegas, de sair meia hora antes pra jantar com os amigos – e talvez eu sinta saudades de alguns desses momentos, calma! não de todos, e nem tanta saudade assim! Acredito que o peso da responsabilidade de passar de uma estudante que tem um emprego a uma empregada (apenas) é considerável.
Ah guria, chega de reclamar e vai estudar pra um concurso de nível superior. Já estou fazendo isso. Isso, estudando italiano, fazendo pilates e aprendendo a tocar violão – tudo que não fazia antes por não ter tempo. Mas ainda assim, ocupando meu tempo, não consigo ficar 100% tranquila. A questão é a seguinte: como não cair na rotina mesmo com mil coisas pra ocupar seu tempo de desocupação? Complexo, Por isso que sigo achando: isso é ser adulto. Ter rotina, pagar contas e ser feliz. Mas eu ainda quero tentar fazer malabarismos com a rotina pra poder ser mais feliz. Como? Pois é...
Tá, mas essa guria não quer trabalhar, é isso produção? NÃO NÉ QUERIDA.
Adoro meu trabalho, é digno e respeitoso, Mas ainda assim sinto vontade de fazer algo a mais. Quero mais resultados voltados à minha vida. Que tal fazer trabalho voluntário então? Não estou falando disso, José. O que quero dizer é que eu não sei exatamente o que eu quero dizer. Eu quero fazer a diferença (não com o intuito de quem fala isso em uma entrevista de emprego)... mas a diferença na minha vida, entende? Nem eu. Mas é bom escrever sobre isso, ajuda a pensar.
Talvez estar escrevendo isso está legal, pois é algo novo... já tive um blog (http://andggomes.blogspot.com.br) pra contar das minhas viagens. Mas parei na segunda... não tem como viajar, aproveitar o dia todo e chegar de noite no hotel pra descrever o dia – dando dicas quentes dos lugares legais de cada cidade. Ou você aproveita, ou você é blogger. Pra mim não rolou. Me patrocina ou me dá um programa de tv na Multishow que eu faço bem direitinho, ‘bom gosto para lugares e boas ideias eu tenho, só me falta-me a glana.’
Enfim, vamos ver se esse aqui rola. É um tipo ‘Querido Diário’ – ou então um penico pra eu guardar o que penso, o que gosto e algumas inspirações: talvez apareçam algumas fotos, talvez algumas dicas, talvez moda... tudo isso eu gosto e posso trazer pra esse diário moderno.
E, por fim, como sempre: não consigo deixar de ser prolixa, tenho que falar tudo isso que disse pra dizer: me formei, e agora? Agora não sei. Só sei que NÃO SOU OBRIGADA a ficar parada esperando a vida me apresentar uma surpresinha. Vou correr, não tanto porque o joelho dói, mas o suficiente pra tentar encontrar umas engrenagens interessantes pra roda da vida.
Beijos.
* Texto escrito em Maio de 2017. Mal sabia eu que em menos de um mês minha vida mudaria completamente. Surpresinha da vida... mas isso é pauta pra uma outra crônica. Até já, Kidinhos.
Gorda e sua melhor versão de Não Sou Obrigada.
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